18.2.15

vai, não por descaso ou por fim


antes mesmo de ir te digo não vai
vai, se quer
depois de tantos ensaios
vai, antes que comece a reinventar teu corpo
essa memória tola que os primeiros indícios de luto me mostram
vejo um gesto prosaico contra a porta que bate
como o som do apagar das luzes
o movimento que balança do chaveiro é o mesmo que a árvore faz
vai, o tempo que dura é muito
e nunca te vi tão minha quanto no instante que me escapa
lotada de memórias
e o estrago que faz
e o barulho do portão de longe
vai, se precisa, vai
haverá tempo para esquecer a dor, mas não dá para ser pra já


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